quarta-feira, 5 de março de 2008

O dia em que aprendi andar de bicicleta


Minha cara era só sujeira, poeira e barro, mas consegui o que há tempoS treinava. Finalmente, pela primeira vez, andei sem as rodinhas de apoio da bicicleta.

O ano 1985, as ruas ainda eram de terra, a família era unida, meu presente desse ano? Um livro, O pequeno príncipe, a bicicleta, ora, ainda um sonho, embora esse tenha sido o sonho de toda criança daquela época.

Meu Deus, quem na infância, na década de 80 não se lembra: “Não esqueça minha caloi”.
Claro haviam outros emergentes tecnológicos, Atari, Genius e, ainda me lembro que papai chegou em casa com uma “Guigui”,

ahhh... essa boneca me causava calafrios toda a vez que minha irmã pegava nas mãozinhas dela e puxava, aquele som de guiiiguii guii guii...

Pois é, quanta nostalgia, entretanto sem meu sonho. Mas me deliciava com as figuras da jibóia que comeu um elefante, que para adultos era um chapéu. Que burros!
Não sabem mesmo ter um ponto de vista inocente, critico e sábio como de criança.
Minha imaginação fora fértil tanto quanto ao do pequeno, quando encotrou um aviador caído no deserto. Ele ficou lá até que o adulto pudesse acordar, e quando o fez, pediu-lhe. – Desenha um carneiro!?

Nesse pequeno filme imaginário não havia espaço para sofrimento, debaixo do meu “carro” uma maquina de costura da elgim, eu, bem, eu costurava e dirigia minhas fantasias, sentado horas a fio ali, sozinho, com meus mais nobres e inocentes pensamentos.

A brincadeira só acabava quando mamãe com o pé acelerava para costurar o bolso em uma camisa branca, era inicio das aulas e, lá estava, mais um bolso com o brasão da escola Henriqueta Rivera Miranda.

Da pequena cidade dos sonhos nunca me mudei, continuo lá, mesmo não estando. Continuo a brincar, a ver as coisas com inocência, o pequeno ainda permanece em meu coração, fazendo recordar.

Quando uma criança diz que quer uma bicicleta eu sempre sugiro um livro. As rodinhas da bicicleta continuam na minha lembrança, será eternizada, seja para mim, seja para aqueles que com sabedoria possam reconhecer sonhos em pequenas inquietudes da vida.

Que possam enxergar um sonho mesmo não podendo palpa-lo, precisando cair, ter poeira e barro na cara. O crescimento é necessário, porque o faz de conta não é para sempre, crescermos e deixamos de ser menino e/ou menina, abraçamos mudanças e acompanhamos literalmente uma prisão chamada sociedade.

Sempre me sinto sem as rodinhas, prefiro acreditar que vou cair, vou ralar o joelho, vou escutar gente rindo.
Mas o importante não será ter conseguido andar sem rodinhas, mas sim de ter sempre tentado.

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